air (ɛər)
noun.
Consegues pensar numa palavra mais simples do que “ar”? É tão leve e sem esforço que se confunde com o próprio significado. E faz-nos querer repeti-lo uma vez e outra, todo o dia, mil vezes se necessário: ar… ar… ar… É quase terapêutico. Não parece sequer uma palavra. Poderia facilmente ser uma parte silábica de uma qualquer palavra em Português. Talvez a parte final de um dos milhares de verbos terminados em “ar”. Mas não, ar é uma palavra por si só e em toda a sua plenitude.
E ar é tão simples que, mesmo quando se traduz para Inglês, permanece leve e sem esforço. Melhor ainda, se o pronunciarmos com sotaque Britânico, ainda de nos poupa o trabalho de torcer a língua para o “efeito-r”. Basta abrir a boca e, suavemente, deixar o som sair: eh. Podia ser simples assim. Podia… se nos abstivéssemos de ir ao dicionário, para acabar por descobrir que “air” não só não é assim tão simples de definir, como também partilha o mesmo som com pelo menos mais duas palavras, nenhuma delas hair.
Se há algo que sabemos sobre simplicidade é que ela é difícil de alcançar. Se há algo que suspeito sobre simplicidade é que, quanto mais a planeamos, mais difícil se torna.
Air é sem esforço. Hair não é. E ainda assim pronunciamos mal o primeiro, com medo que este – talvez – seja simples demais para ser verdade.